quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Pode não haver segunda oportunidade!



Rodeado, estou sozinho!
Errata: sinto-me sozinho

Todos falam, todos murmuram, todos gritam ansiosamente. Eu, pacientemente, sigo a minha já velha rotina diária e, incrivelmente, não oiço ninguém.
Trabalho, almoço, trabalho, casa.
É esta a minha rotina. De momento estou no almoço. Errei ao pedir uma bebida fresca, faz-me gelar. Está uma tarde excessivamente fria, felizmente o calor que provém da cozinha do café, onde passo todas as minhas horas de almoço, aumenta consideravelmente a temperatura do mesmo.
É agradável aqui estar.
Jogo! Jogo matraquilhos até que me doam os pulsos. Essa incómoda dor também já faz parte da rotina. Por hoje já chega de gastar moedas para brincar com uma bola pouco maior que uma leiteira (um daqueles berlindes grandes, ainda se lembram da animada infância?), chutando-a contra um buraco esculpido rudemente (ou talvez a mesa já seja velhinha) na extremidade oposta à que estou eu. Por sinal, também tem um do meu lado. Estou cansado. Procuro a cadeira mais próxima para poder repousar suavemente até que chegue o meu saboroso almoço.
Estou com uma fome de lobo!
(...)
Finalmente saciado.
Ui! Uma pequena aragem percorreu os meus nus antebraços e fez-se sentir nos ossos!! Alguém abriu a porta lá no fundo! Bem lá no fundo! Consigo ver a porta fechar e, muito lentamente, volta aquele quentinho agradável acompanhado por aquele cheirinho a comida da mamã. Neste caso, da comida da D. Lina, a hábil cozinheira aqui do sitio. Vejo ao longe o vulto daquela ilustre pessoa que teve a brilhante ideia de escancarar o raio da porta!
Ele..... ups, ela! Pelo que vejo, está a chover lá fora. Era impossível estar mais molhada.
Raios! Porque tinha que estar mesmo próxima a mim a única mesa vazia em todo o café?
Parece que não está apenas a chover lá fora, acho que toda a água existente no mundo foi absorvida para a atmosfera e está agora a ser largada sobre nós. Dá-me a impressão de que ela está chateada, será por causa dos piropos que aqueles grunhos (desculpem o calão, mas não há palavra melhor) ali do fundo mandaram? Pouco me importa. Não sou de meter conversa num café com frases feitas. Aliás, não sou de engatar!
Gosto de socializar, sim. Mas a minha mãe sempre me ensinou que não se deve falar com estranhos(as).
Bem, estou a fugir à enfadonha narrativa do meu dia, ela já chegou.
Está à mesa!
Tem umas calças de ganga gastas na zona da coxa. Um top cai-cai vermelho. Parece que saiu de casa para um dia de verão. Reconheço que o dia começou aberto e calorento, por sorte eu tinha uma camisola e um casaco no carro. Ela tem ainda um casaco que parece estragado pela chuva, um castanho desbotado e parece cheio de terra! Terá caído ao chão? Também pode ser uma nova moda, não sei.
Não entendo porque me prende tanto a atenção, mas de facto prende. A chuva não teve piedade dos seus cabelos claros! Creio serem loiros, pois assim molhados estão com uma coloração semi castanha, semi loira.
Um castanho claro.
O cabelo encobre a face deste ser que incompreensivelmente me prende a atenção....ela.... ela desvia os cabelos e eu vejo agora os seus olhos.
São verdes. A sua cor é salientada pelo pequeno (quase imperceptível) toque de eyeliner escuro.
Meus Deus!!
Um olhar, sem sombra de dúvida, hipnotizante.
O quente que provinha daquele canto cheiroso dissipa-se! Aquele olhar congela-me a alma e deixa-me sem pensar. Incendeia no meu peito algo que nunca senti antes.
Os meus olhos acompanham o fechar dos dela e não mais os consigo abrir! Por mais que tente, não consigo! Acho que não estou a dar tudo de mim, estou embrenhado num sonho com aquele belo ser.
Estamos juntos. Sinto o seu corpo colar no meu. Está molhada (será da chuva?), porém a sua temperatura à flor da pele é bastante agradável.
Como poderei estar a sonhar? Estou acordado, não estou? Já não tenho certeza de nada... apenas sei que gostaria de ficar assim para todo o sempre. Este ser incrivelmente belo, esta mulher! Nós; a sós num sitio que desconheço mas que é bastante aprazível. Estamos nus, bem juntos, de respiração ofegante! A sua face corada sorri para mim, e vejo os seus lábios produzirem as palavras "Que se passa? Pela tua cara parece que nunca o tínhamos feito!"....
Olho o seu corpo e vejo os seus seios despidos. São isentos de qualquer imperfeição...
-Estou a sonhar? - Pergunto.
Ela agarra-me, puxa-me para si, sinto o meu coração acelerar com o dela! Sinto os seus suaves lábios tocarem os meus! Sinto....
(....)
-Ai! Porque me bateste?! - Questiono indignado.
"Estavas a dormir! Anda, vamos embora... está na nossa horinha". Foram estas as palavras que ouvi serem proferidas por um dos meus amigos.
Levanto-me! Estou com dores no pescoço por causa do excesso de inércia. Visto o casaco, deixo o dinheiro na mesa e grito para a D.Lina "um beijo e até amanhã! Estava óptima a comida!".
Os que estavam comigo estão todos com pressa, se calhar hesitaram em acordar-me e ficamos tempo demais. Ainda bem que hesitaram, pelo menos durou mais um pouco.
Devido à pressa, à saída do café, vou contra uma rapariga com tal força que a atirei ao chão!
Ajudo-a a levantar-se! Coitada! Está vestida como se fosse verão. Ninguém contava com este temporal! É uma rapariga muito bonita e paralisa-me o olhar. Tem olhos verdes, traz um cai-cai vermelho, umas calças de ganga e um casaco branco. Bem, pelo menos era branco antes de eu a atirar ao chão.
Não consigo pedir desculpa. Não consigo proferir qualquer palavra!
O meu amigo puxa-me e enfia-me dentro do carro. Já em andamento, abro a janela, meto a cabeça de fora e, levando com aquela chuva na cara (uma sensação agradável), grito:
-Desculpa!
Ela já estava a entrar no café, parecia chateada.
Já não me ouviu... Fui tarde.
Acabo assim a narrativa de uma hora de almoço...


Devemos agarrar as oportunidades dadas pela vida no primeiro momento, o segundo pode ser tarde. E pode não haver segunda oportunidade! Não se deve hesitar. E, tal como diz um amigo, "não nos devemos arrepender do que fizemos, mas do que não fizemos". Vive como se não houvesse amanhã, vive para que simplesmente não te arrependas. Quanto a mim, continuarei a pensar demasiado tentando arranjar resposta para o tudo e para o nada. Esta é mensagem que deixo aqui hoje.


Até breve meu caro.

PS: nada nesta narrativa é real!

3 comentários:

  1. Mano sabes como sou directo e frontal...acho que já te disse isto e tu não acreditas...tu és capaz de tudo e de mais alguma coisa...falta te a coragem (ou a lata como se costuma dizer)...acho que tens pouco confiança em ti próprio...eu já senti isso :P...não me perguntes porquê mas foi um casaco que mudou a minha vida...sei lá a partir do primeiro momento que o vesti a minha vida mudou...a ti também te falta algo...espero que encontres rapidamente...e vais ver que me vais dar razão...e vais pensar que já podias ter mudado mas isso não é verdade porque há momentos para tudo :)...um abraço meu irmão...mas aquele abraço muito abichanado :)

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  2. boas...tens jeito para isto..muito mesmo. continua a escrever que tas no bom caminho...e como ja te disse quanto ao que escrevo...a minha maneira d escrever é aquela...
    continua k tas a fazer um bom trabalho..
    ah e ...agarra-me o nº da rapariga virtual loool
    abraço

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  3. So hoje descobri e conheci se assim posso dizer o autor, gostei do que li, penso que se aproxima muito da vida real, nem sempre hà uma segunda oportunidade, por isso..não se deve hesitar!
    Vou tentar descobrir o que hà mais para lêr, adoro lêr!
    Continua a escrever cenas da vida real, pelas quais muitos de nos por elas ja passaram! Desculpa o meu sotaque francês!
    Beijo

    PS: Saabes quem sou, não?

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