segunda-feira, 24 de março de 2008

Não me deixes



O que sou, o que não sou.
O que fui, o que serei.
Se serei mais do que sou.
Se fui vassalo ou rei.

Não sei, mas tenho medo.
Tenho medo de mim sem ti, tenho medo do mundo sem nós, juntos.
Paisagens lindas não perderão o seu encanto sem ti a meu lado, com certeza.
Mas eu, sem sombra de dúvida, não lhe acusarei o belo.
Ainda que mal, não me dará vontade de cantar com a tua ausência.
Sem ti a meu lado perco-me, não em infindáveis jardins ou em praias gloriosas. Não. Simplesmente perco-me.
Não me deixes, pois sem ti não saberei viver, esperança.

Dá-me o telemóvel JÁ!



Mário Crespo
Mário , Crespo, Jornalista


Li no JN esta critica fantástica.
Achei brilhante a maneira como o Sr. Mário bate no governo, na direcção da escola e nos alunos.
A quem não lê o JN, aqui fica.



"Dá-me o telemóvel JÁ!"

Tira os adjectivos e ficas com os factos.
Atticus Finch advogado no Alabama, in Não matem a cotovia - Harper Lee.

Vi há semanas uma excelente encenação do Cândido de Voltaire, no Maria Matos, em Lisboa. Uma das personagens, o filósofo germânico dr. Pangloss, que encontrava sempre um aspecto redentor em praticamente tudo (já que este era o melhor dos mundos possível), ao desembarcar na frente ribeirinha de Lisboa no dia do terramoto de 1755, vê tudo destruído e no meio das ruínas a gentalha a pilhar num saque sanguinário. Questionado por Cândido sobre o que era aquilo, responde

"... Isto é o fim do Mundo".



Pivot

Boa noite, uma professora foi agredida na escola Carolina Michaëlis, no Porto. A cena foi registada em vídeo por um telemóvel e divulgada no YouTube.

(Segue Vídeo 1' 10")

Se o incurável optimista Pangloss tivesse visto o vídeo da aula de Francês no 9.º C, só podia ter comentado que era o fim do Mundo. E foi. O vídeo, a boçalidade dos comentários de quem filmou, os ataques selváticos de quem atacou, a birra criminosa da delinquente a quem tiraram o telemóvel, a indiferença da maioria da turma pelo horror do que se estava a passar mostram o malogro do sistema administrado pelo Ministério da Educação.

"Ha… ha… ha...ha...ha"

"DÁ-ME O TELEMÓVEL!"

Há um caso exemplar no historial governativo socialista onde Maria de Lurdes Rodrigues podia ir buscar inspiração. Em Março de 2001, depois da queda da ponte de Entre-os-Rios, o ministro da tutela anunciou que se demitiria com efeitos imediatos. Foi a maneira consciente de mostrar responsabilidade.

"Sai da frente... sai da frente!"

Por favor, façam-me a justiça de não considerar sequer que estou a fazer comparações. A enorme crise que atravessa o sistema educativo em Portugal e a queda de uma ponte cheia de pessoas em cima, com as consequentes fatalidades, são situações de gravidade específica que não toleram comparações. O que digo é que a decisão de Jorge Coelho de se retirar de funções porque a ponte de Entre-os-Rios era responsabilidade de vários departamentos do seu ministério, é o modelo de comportamento governativo.

"Ó Rui, ó Rui, ó Ruizinho!"

Maria de Lurdes Rodrigues tem um tremendo desastre entre mãos e contribuiu directamente para ele com as suas políticas de desrespeito de toda a classe docente e com o incompreensível arrazoado de privilégios estatutários garantísticos aos discentes, que estão a condenar toda uma geração e a comprometer o futuro de todo um país.

"Ó gorda, ó p (...), sai daí!"

Depois de todos termos, finalmente, visto aquilo que realmente se passa nas nossas escolas, nada pode ficar na mesma. A DREN, que já se devia ter ido embora no escândalo do professor Charrua, tem de sair porque aquela gente obviamente não sabe o que está a fazer. O Conselho Directivo da Carolina Michaëlis tem de ser imediatamente substituído por gente capaz de proibir telemóveis e de impor (não tenham medo da palavra), impor, um ambiente de estudo na escola pública. Reparem que durante o desacato e o linchamento da professora nenhum dos alunos abre a porta da sala de aulas e pede ajuda.

"Sai da frente... sai da frente!"

Isso atesta que já não ocorre aos próprios alunos que haja na escola alguém capaz de impor disciplina e restabelecer a ordem.

"Olha a velha vai cair!"

Por isto a Turma do 9.ºC tem de acabar! Por uma questão de exemplo, os alunos têm de ser dispersos por outras turmas e o 9.º C deve ficar com a sala fechada o resto do ano, numa admoestação clara de que este género de comportamento chegou ao fim. Maria de Lurdes Rodrigues não pode ficar à espera de receber outra vez o apoio do primeiro-ministro. Depois disto, é seu dever sair do cargo. E não é, como diz constantemente, a mais fácil das soluções. É a medida necessária para que haja soluções. A saída da ministra é, viu-se agora, uma questão de segurança nacional. É a mensagem necessária para a comunidade escolar, alunos e professores, entenderem que o relaxe, a desordem e o experimentalismo desenfreado chegaram ao fim. Que não há protecção política que os salve já da incompetência do Ministério, da DREN e de tudo o mais que nestes três anos nos trouxe à vergonhosa situação que o vídeo do YouTube mostrou ao país e ao Mundo. Uma questão mais os sindicatos viram as imagens de um crime a ser cometido em público contra uma professora. Façam o que devem. Façam as devidas queixas-crime contra a aluna agressora e contra quem filmou e usou abusiva e ilegalmente da imagem da professora a ser martirizada. O crime foi visto por todos. O Ministério Público tem competência para mover o adequado processo contra esses alunos. Cumpram o vosso dever sem tibiezas palavrosas. Já não se pode perder mais tempo com disparates.

Mário Crespo escreve no JN, semanalmente, às segundas-feiras

quarta-feira, 19 de março de 2008

I feel like I'm in heaven



"Every time you're near I feel like I'm in heaven" No Promises --- Shayne Ward

Sinto-me melhor só porque estás lá. E pequenas coisas tornam-se gigantescas alegrias. Só porque tu estás lá.
Sou um outro eu quando estou contigo. Acho que sou o verdadeiro eu. Tudo o que sou sem ti, mas mais feliz, mais contente, mais alegre. Com uma mutua compreensão que muitos apenas sonham. Fica aqui ao pé de mim. Que tudo o que é belo vá contigo se tu fores, pois tu, só tu, transportas a maior beleza tangível. És a maior beleza intangível. Tu, só tu, do meu lado! E o mundo desaba a nossos pés. Castelos viram ruínas e, na nossa frente, ergue-se um novo caminho, um novo mundo. Um que faz abominável o mundo antigo. Um mundo nosso, só nosso.
Ah! como gosto de sonhar...

Retiro-me, vou sonhar mais um pouco.

sábado, 15 de março de 2008

Também tu sopras das mais variadas maneiras

(Carta a alguém)


Tenho saudades tuas amigo, sabes? Talvez não saibas. Talvez julgues que te odeio ou talvez que já não me interesso pelo que te acontece.
O vento é falso, não é sempre o mesmo perante a mesma pessoa. E tu, tu és como o vento. Também tu sopras das mais variadas maneiras.

Isso dói, sabes? Talvez não saibas. Talvez o faças inconscientemente ou talvez acredites que estás a ser correcto.
As tuas atitudes. Ah! Custa-me acreditar que tenhas essas atitudes. Isso são actos de egoísmo. E estupidez também. Acho que lhes devia chamar "actos estúpidos com o seu quociente de egoísmo". Já para não falar que os tens com as pessoas absolutamente isentas de culpa e fazes com que elas se sintam mal por isso.
É assim tão difícil crescer?
(...)

Sabes uma coisa? Queria dizer-te tudo o que me passa pela cabeça neste momento, tudo mesmo. Mas ia magoar-te tanto. Vês? Ainda me preocupo contigo. E não, eu não estou a ser falso por não to dizer, porque eu afastei-me de ti...
Só por me magoares a mim. Sustentei a amizade enquanto magoavas quem me era querido. Quando me magoaste a mim, estragaste tudo.
Foste um bom amigo. Mas eu fui melhor... Eu dei o litro quando podia. Eu guardei as minhas mágoas e chorei as tuas. E fugi quando precisava de chorar as minhas para não te maçar. Porque também tu estavas frágil.

Gostava de ter um longo monólogo na tua presença. Sim, porque eu não preciso de ouvir nada vindo de ti, porém tenho imensas coisas que te ajudariam a... chamemos-lhe evoluir. Não te quero rebaixar utilizando novamente o verbo crescer. Adorava ter esse tal monólogo. Só não o faço pois "paus e pedras podem partir-te os ossos, mas as palavras doem como o caraças".

Tenho saudades tuas amigo, sabes? Talvez não saibas. Talvez julgues que te odeio ou talvez que já não me interesso pelo que te acontece.



PS: Só porque me pediste, meu anjo da guarda. Sei que não é a minha comum escrita, mas apeteceu-me. Tive que ser breve, isto tem pano para mangas e se começasse iria para sempre ter que editar e acrescentar novos queixumes.

PPS: Anjo, ainda te devo um café.

PPPS: Posso-te chamar de anjo, não posso? lol

segunda-feira, 10 de março de 2008

Tenho saudades nossas.

(Carta a uma velha paixão, a um amor há muito esquecido.)


Está a chover e eu estou a passear na praia. Confortável sensação, esta.
Olho para trás e vejo as marcas que vou deixando por onde passo. Gostava de ver as tuas ao lado das minhas, de caminhar junto de ti. Mas não posso… o orgulho não me permite.
Tenho saudades. Não são saudades tuas, mas daquilo que foste um dia. Tenho saudades de nós, abraçados, numa velha paragem. Antigas e boas memórias.
Tenho saudades de andar contigo na rua de mão dada. Tenho saudades da tua presença, só isso.
Vejo as minhas pegadas alcançarem o horizonte, sozinhas. Passei por ti, pela tua vida. Marquei, à minha maneira, o meu lugar e, lamentavelmente, tudo passou. Tudo caiu no esquecimento. Por erro de ambos, reconheço, nos afastamos. Consigo caminhar de queixo erguido e culpar-te só a ti. A ti! Tu erraste, mesmo que inconscientemente, tu erraste! E os meus erros derivaram dos teus, sem sombra de dúvida. As asas que davas à relação num segundo, cortavas depois. Apenas porque te arrependias. E eu, alheio, lá errava….
Tu sabes qual foi a pior coisa que fiz, não sabes? Eu sei que sim. Reconheces que foi por culpa da tua precedente acção? Devias…
É a única coisa que lamento, é que tenha tido um fim tão prematuro. Ah! Como isso me entristece.
Continuei a minha vida sem ti, a muito custo de inicio. Mas agora sou eu de novo, todo Eu! Vi que te aproximavas do abismo e puxei-te para trás, sem que me visses o rosto. Gostava de te conseguir dizer.
Gostava de te atirar isso à cara. Seria um pequeno prazer.
Assim verias o quanto significaste para mim, minha velha paixão. Verias o quanto te amei e aquilo que perdeste. Tu lamentas a vida que tens. Tu lamentas que quem te diz amar não te ame.
Eu amei-te, disse-te. E tu? Riste na minha cara…
É ténue a linha que separa o ódio do amor. Não sei se te amo, não sei se te odeio. É um sentimento agridoce.

Podia mandar-te um beijo, mas não. Mando um abraço. E que nele apanhes toda a força que conseguires para te manteres em pé.
Tenho saudades nossas.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Diálogo (Ou monólogo?)



Diálogo (Ou monólogo?) de amigos que existem para quem vê de olhos fechados.

-Olhas! Observas com sublime atenção tudo o que te rodeia. Olhas as árvores e seus ramos. Olhas os animais e suas sombras. Desconfias de todo o uivo que o vento faz. Que procuras?
-Procuro-me, velho amigo.
-Encontra-te então, caminhemos de mão dada, unidos pelo coração. Somos uno se assim o quisermos. Vive a tua vida, tu só! Sem precisares dos outros. Mas deixa que os outros façam parte dela sem que precises. E aí, só aí vais ver que realmente necessitas, pois o piso em que caminhas é instável e apenas são permitidos grupos na vida. Sustenta-te sozinho, mas não te isoles. Ama-te e só assim te permitirás ser amado.(...)
-Ali estou eu, junto daquela menina. Ela transporta(-me) o meu coração. Eu sabia que me ia encontrar. Mas ela não se deixa ser minha, essa perfeita menina. Odeio-me porque não sei onde peco. Que dizias?
-Nada meu amigo, meu irmão. Palavras d'um jovem louco. Precisas errar meu caro, erra o mais que possas e aprende. Tudo quanto os outros possam dizer, nunca será tão sábio como a tua própria experiência. Gostava de poder ajudar-te... mas a experiência não se transmite.
-Ah! Como é bela! Dizias algo irmão?
-Nada a que devas dar demasiada importância, estás cego a amar perdidamente sem te amares primeiro e, assim, afastas quem já te amava.
-A batalha do vento e das folhas não me permite ouvir o que dizes irmão. Vou ter com aquela bela menina, mulher. Vou ver se deixa que a ame mais um pouco....

domingo, 2 de março de 2008

Vá, um beijo para ti.



Seu estou sentado ou de pé. Se chove ou faz sol. Se o vento me ralha....
De que importa tudo isso se tu não estás?
Estou cansado. Deveras.
Se queres escrever e achas que não tens jeito, eu arranco as minhas mãos. Se queres pensar mas dói-te a cabeça, eu arranco a minha. Se te dói o coração por qualquer infelicidade da vida, eu rasgo o meu peito e tiro o meu. Se estás cansada de ver as coisas dessa perspectiva, eu tiro os meus olhos fora.
O que quiseres, só para te ver feliz. Mas não me deixes a incerteza, isso não. É a única coisa que peço. Não é pouco?

No meu Mp4 está a dar "Cavaleiro Andante" de Rui Veloso. A ti dedico, pode ser?
Estou tentado a desistir... sem jamais ter lutado. Esta incerteza mata-me.

Vá, um beijo para ti, mulher ideal.