sábado, 31 de maio de 2008

Talvez devesse ser proibido dar de comer aos humanos.



A humanidade consome o mundo, está a levá-lo à exaustão.
Antigamente os humanos juntavam-se num sitio que tivesse condições ideais, ficavam lá e reproduziam-se. Iam consumindo o ecossistema. Assim que se esgotavam os recursos, mudavam-se de área.
Há um micro organismo que age da mesma forma. Os vírus. Instalam-se num ecossistema e vão consumindo-o e reproduzindo-se. Quando esse sistema não tem mais a oferecer, mudam-se.
Agora já ocupam quase toda a crosta terrestre, os humanos.
(...)
As pombas estragam tudo. Monumentos históricos ou apenas casas bonitas ficam degradadas com a imensurável quantidade de dejectos que as pombas deixam por onde passam.
É, por isso, proibido dar de comer às pombas.
(...)
Sempre que alguma organização ou empresa está a oferecer um qualquer produto na rua, cria-se, em volta dos promotores, um aglomerado de pessoas impensável.
Pessoas que nunca compactuariam em estarem assim tão próximas, os snobs, os moedinhas, os nerds, os betos, os gunas, os dreads, os velhos, os jovens etc. Enfim, todas as distinções que queiras fazer nas pessoas, todos os rótulos que queiras colocar, encontram-se ali concentrados com uma finalidade comum. Obter uma garrafa daquela bebida que estão a dar.
Faz lembrar as pombas quando se atira milho para o chão, juntam-se todas.
Os humanos estão a desgastar o Planeta Azul a uma velocidade alucinante. Talvez devesse ser proibido dar de comer aos humanos.

Cheguei a esta conclusão no outro dia, enquanto esperava pelo autocarro na Trindade e via as pessoas juntarem-se aos magotes para irem buscar uma garrafa de coca-cola zero.

sábado, 24 de maio de 2008

Faz-me voltar a sonhar



Lágrimas de sangue escorrem-me pela cara, as tuas palavras dilaceram-me o peito!
Cortantes e impetuosas jorram dos teus lábios e atingem-me com toda a raiva que emanas.
Qual ódio o teu, qual má fortuna a minha.
Rasgas-me a pele sem dó nem piedade, arrancas todos os pedaços de mim. Unha a unha, dedo a dedo, membro a membro...
Fendes-me o peito e arrancas me o coração, que incineras depois.

Usando somente palavras.
(...)
Não consigo acordar deste meu pesadelo. Libertar-me desta dependência.
Estou viciado em procurar-te... e esgotei-me. Vou desistir e deixar que me encontres.
Procuro força em tudo o que me lembro e em tudo o que nunca me esqueci para me manter são, para me manter estável.
Deixei de sonhar.
Estou a afundar-me na penumbra do meu ser. Estou a perder-me, estou prestes a implodir.
Mas ficarei, só porque me pediram.

"Ó meu anjo da guarda, faz-me voltar a sonhar. Faz-me ser astronauta... e voar!!"

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Estou cansado, estou tentado a desistir.



Entre um suspiro e uma lágrima desvanece-se o meu último sorriso.
Estou sem forças, esgotado.
Cansei-me de procurar-te a achar-te em mil pedaços.
Cansei-me de me procurar a mim e nunca me encontrar.
Sorrisos em mim são, agora, demasiadamente esporádicos para eu continuar neste caminho. Tenho que mudar de ares, tenho que mudar de mundo.
Mas não consigo, não consigo partir. Temo deixar-te e que tu me encontres a mim depois. Será tarde.
Não te mostras e fazes com que não consiga deixar-te.
Sonho ser criança de novo. Em criança não sonhava contigo, sonhava com que estaria além do horizonte da minha janela. Sonhava ser crescido para ser livre.
Hoje vejo que em criança é que somos livres.
É irónico hoje sonhar ser criança.

Estou cansado, estou tentado a desistir.